Muita gente importante, ocupando altos cargos não sabe cantar o hino nacional por não ter aprendido na escola. Aqui, neste pequeno retrato em frente ao prédio do Ginásio Municipal de Montes Claros está a prova de nossa educação escolar. Não havia filmadora na época e nem foi preciso a licença de nossos pais para que fossemos retratados. Lá estou eu no meio dos colegas. Enfileirados, boa postura, cantávamos com fé e entusiasmo, olhando a bandeira verde e amarela hasteada no vão da janela principal do prédio. Depois, iríamos para a sala de aula.
O professor Eráclides resolveu nos ensinar o significado daquelas palavras mais difíceis do hino. Palavras que havíamos cantado com tal força e patriotismo, mas que, realmente, não sabíamos o seu significado. Aprendemos que as margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante (grito forte) de um povo heroico que queria a liberdade do Brasil. Sair do domínio de Portugal. Ver o sol da liberdade.
Era a Independência de nossa Pátria. O penhor; isto é, a garantia do braço forte que desafiava a própria morte na busca da independência. E a constelação do Cruzeiro do Sul que eu costumava ver nas noites estreladas lá no céu velava por nós. Morávamos na Avenida Cel. Prates onde eu a via sempre. Fiquei mais sua amiga. As estrelas nos protegiam. A própria natureza fazia o Brasil ser um Gigante no presente e no futuro. Cada vez mais eu sabia o motivo de ser minha terra a mãe tão adorada. O que mais gostei foi aprender que o Brasil (fulgurava) quer dizer brilhava como um florão da América. Florão, é um enfeite lindo e grandioso. O Brasil pode ser este florão não só da América como o do novo mundo. O símbolo do amor eterno está no “lábaro estrelado” a faixa em que estão escritos os dizeres Ordem e Progresso, significando Paz no futuro e Glória no passado.
De nosso poeta Gonçalves Dias em Canção do Exílio, foram retirados e colocados no Hino Nacional os versos “nossos bosques têm mais vida nossa vida em teu seio mais amores.” A letra do hino foi escrita por Osório Duque Estrada em estilo Parnasiano e a música composta mais tarde por Francisco Manoel da Silva. O hino reforça a afirmação de que se for necessário” o filho teu não foge à luta”, sem temor pois adora sua Pátria. Foi a aula mais linda do Professor Eráclides. Aprendemos que sempre depois do nosso cântico coletivo de saudação ao Brasil, o pavilhão” verde – louro” respeitosamente era retirado e levado a um local de honra no escritório do Diretor do Ginásio.
A tudo assistimos compenetrados fazendo parte daquela cerimônia de amor à Pátria. Até hoje, sinto o santo orgulho de pertencer a esta terra forte, gentil e amada, mais amada do que qualquer nação do mundo cante, cante com alma cheia de entusiasmo nosso Hino Nacional. Salve o Brasil!