JK - CIDADÃO DO SÉCULO
Rogério Alvarenga, cadeira nº 30 - Patrono Diogo de Vasconcelos
Tornou-se incontestável pela história contemporânea o reconhecimento de que JK representa, com segurança e unanimidade, o título de cidadão do século, no Brasil.
A confirmação foi feita pela revista, Isto é, de dezembro de 1999, mediante opinião de 30 personalidades da vida pública brasileira, tendo sido editada no número 1574, em separado. O júri indicou 30 nomes e foram classificados 20 deles. Jk foi escolhido como o primeiro e maior estadista do século. Não há especificação da metodologia utilizada, mas ficaram também classificados, por ordem de escolha, Getúlio Vargas, em segundo lugar, Ulisses Guimarães, em terceiro e Tancredo Neves em quarto. Seguem-se, por ordem de escolha, as seguintes personalidades: Luiz Carlos Prestes, Betinho, Marechal Cândido Rondon, Barão do Rio Branco, Jânio Quadros, João Goulart, Fernando Henrique Cardoso, Miguel Arraes, Leonel Brizola, Castelo Branco, Teotônio Vilela, Brig. Eduardo Gomes, Luiz Inácio Lula da Silva, Oswaldo Aranha, Campos Sales e Rodrigues Alves.
Juscelino foi, sem dúvida, uma personalidade de alto nível de habilidade no tratamento interpessoal e desenvolvimentista por natureza. Disse ele, uma vez, que “não tenho vocação para obras pequenas”. Um episódio, muito simples, pode confirmar esta característica do estadista. Quando era governador do estado de Minas Gerais, foi convidado pelo secretário de Estado da Agricultura para um evento onde se distribuiriam 40 mil enxadas. JK, ao fazer um comentário, disse ao secretário: “Pensei que fossem distribuir 40 mil tratores”.
E quando era prefeito de Belo Horizonte, na década de 40, contratou mais de mil carroceiros, com seus respectivos burros, para abrir as avenidas Amazonas e Antônio Carlos. Projetou essas avenidas com 50m de largura. Agora, 50 anos depois, num grande esforço, o governo estadual conseguiu o alargamento da av. Antônio Carlos para 25m de largura. Eis a visão de futuro.
Av. Amazonas com destaque da Praça Raul Soares- BH anos 40. fonte curraldelrei.blogspot
JK sabia ouvir. E ouviu o jovem Tuniquinho, em Jataí, no estado de Goiás, quando fazia um discurso político em 1955. Tuniquinho perguntou: “É possível seguir a Constituição do país, transferindo a Capital da República para o planalto central? O senhor prometeria fazer isso?” JK tomou um susto e num átimo de decisão, não teve alternativa e prometeu e cumpriu. Para a inauguração de Brasília, Tuniquinho não foi esquecido.
Juscelino conhecia os operários, construtores de Brasília, os candangos, pelo nome. Conversava e aplaudia cada um deles.
Juscelino chorou a morte do engenheiro Bernardo Sayao, bravo sertanista, fiel pioneiro, ex-vice-governador do estado de Goiás, encarregado da construção da estrada Belém/Brasília, tolhido por ocasião da derrubada de uma árvore.
Mais tarde, JK teve a permissão de comparecer ao velório de sua irmã, Naná, única e amada irmã, quando estava em exílio político e não poderia voltar ao país, sem ser preso. Chegou, o mais camuflado possível, para que ninguém o reconhecesse. Era impossível. Por onde passava, recebia abraços e cumprimentos de tantos que o admiravam. Com dificuldade, chegou ao lado da irmã, falecida. Meditou e conseguiu um minuto de silêncio. Houve um momento de silêncio total, de respeito ao ambiente. JK meditou a sua vida, seu sofrimento, sua amargura. Pensou na sua vida de criança pobre ao lado da irmã e não suportou. Teve uma primeira lágrima caída. Depois outra. Enfim, não suportou e teve um choro convulsivo que não terminava. Por fim, chorou mesmo tudo que tinha que chorar. Foi um desabafo.
Cumpria a sua missão de vida. Fazia a sua parte. Nunca teve como meta o reconhecimento de sua obra. Sua vida foi uma missão. Cumpriu-a. Era um ser humano que sentia e respirava o respeito e a amizade, acima de tudo.