SINHÁ VITÓRIA
VIDAS SECAS – GRACILIANO RAMOS
Ambientado mais ou menos em 1915 – O livro é classificado como na 2ª fase do modernismo.
Num propósito de contar histórias de pessoas comuns, o autor coloca Sinhá Vitória como a principal figura feminina deste livro. Num contexto de famílias nordestinas fugindo da seca e do trabalho sem retorno e futuro nas fazendas enormes e decadentes. O patrão sugava o trabalho e lesava nas contas. Era um beco sem saída, ou melhor, a única saída era emigrar e sonhar uma vida diferente no sul maravilha. Partiam sem saber o que os esperava. Os retirantes empreendiam caminhadas de sofrimento em meio a pobreza absoluta, enterrando pelo caminho aqueles que não resistiam à jornada. Uma dessas famílias era formada por Sinhá Vitória, seu marido Fabiano, os filhos e a cachorrinha Baleia. A vida lhes ensinara a desconfiar de tudo e de todos. Um marido rústico mas metido a valentão e mandão, gastava em bebida o que poderia realizar o sonho de Sinhá Vitória, trocar a cama de varas por uma de couro. O machismo do marido se fez presente até durante a retirada, quando a carga mais pesada era a dela. Fabiano era, na verdade, dependente, porque ela é que sabia usar a cabeça. Mulher esperta, capaz de raciocinar, mas com vocabulário limitado para expressar sua visão das coisas. O marido se gabava: _ Uma mulher como essa vale ouro, ninguém passa ela prá trás. Porque, mesmo analfabeta, contava o tempo sem usar calendários e criou um sistema próprio de cálculos. Dava uns riscos no chão, usava grãos e deduzia quanto lhe deviam, teria que pagar e qual o troco. Inteligência que a natureza deu e a civilização não lapidou.
Marilene Lemos, Cadeira 22 - Patrono Mestre Atayde