ANA TERRA
O TEMPO E O VENTO - ÉRICO VERÍSSIMO
Ambientado em torno de 1777.
A família Terra era composta de pai, mãe, dois filhos homens e uma filha, Ana. Todos adultos. Descendiam de portugueses vindos para o Brasil nos primeiros anos da colonização. Ana Terra representa a mulher gaúcha num contexto em que a inferioridade feminina coloca Ana e sua mãe em completa subserviência aos homens da família. Viviam numa propriedade em meio a planícies sem fim onde os dias eram sempre iguais. Só o vento, menos ou mais forte acompanhava a vida sofrida e trabalhosa de todos. A mãe não passava de uma sombra. Ana, com seus 25 anos, sentia falta de vida. Apareceu na propriedade um índio criado numa missão jesuíta, semi-civilizado e devoto da Virgem Maria. Foi aceito como mão de obra, mas mantido longe da família. Ana costumava encontrá-lo numa fonte onde buscava a água necessária à casa. Foi natural a troca de palavras, certa amizade e a natureza cobrando a preservação da espécie. Quando o ventre de Ana anunciou a gravidez, o pai e irmãos mataram o índio. A criança foi apenas tolerada pelos que haviam lavado com sangue a honra da filha e Irmã. Ana sentiu alívio quando a mãe morreu, pois cessara uma vida de sofrimento. A família aumentou com o casamento de um dos irmãos e nascimento da sobrinha. O outro irmão já tomara rumo. Era comum por aquelas bandas, as propriedades serem atacadas por bandos de criminosos. Eles chegaram um dia, destruindo tudo. Ana salvou a cunhada, o filho e a sobrinha, escondendo-os no mato. Os homens da casa foram mortos. Uma mulher forte e decidida emergiu como encanto e tomou as rédeas da situação. Colocaram os poucos pertences num carro de bois e foram viver na cidade. Entre os cacarecos estava uma tesoura grande que deu a Ana a ideia de um meio de sobrevivência: _ Vou ser parteira.
Marilene Lemos, Cadeira 22 - Patrono Mestre Atayde