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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

O POEMA DA ÁRVORE

Maria Ribeiro Pires, cadeira 38 - Patrono Geraldo Teixeira da Costa

O POEMA DA ÁRVORE


“Le coup dont tu te plains t´a preserve peut-être
Enfant; car c´est par là que ton coeur s´est ouvert.”
Alfred de Musset



Eu canto o poema da árvore
na força selvagem que um dia cresceu.

E o poema da foice, machado e tesoura
que um dia a podaram.

Canto seu tronco desnudo,
seus ramos jogados no chão.

Canto o poema da árvore
simétrica, cortada,
humilde, sofrida,
no escuro do céu.

E os brotos
teimosos
surgindo nervosos,
sedentos de luz.

Banhados de sol,
seivosos subindo
em ramagens tecidas de força e vigor

Ergueram-se na glória de quem rompe a morte.

Eu canto o milagre da vida

da morte saída,
tão perto do Nada,
galgando os espaços
na busca do apelo
do brilho da estrela,
dos focos de luz.