Maria Ribeiro Pires, cadeira 38 - Patrono Geraldo Teixeira da Costa
O POEMA DA ÁRVORE
“Le coup dont tu te plains t´a preserve peut-être
Enfant; car c´est par là que ton coeur s´est ouvert.”
Alfred de Musset
Eu canto o poema da árvore
na força selvagem que um dia cresceu.
E o poema da foice, machado e tesoura
que um dia a podaram.
Canto seu tronco desnudo,
seus ramos jogados no chão.
Canto o poema da árvore
simétrica, cortada,
humilde, sofrida,
no escuro do céu.
E os brotos
teimosos
surgindo nervosos,
sedentos de luz.
Banhados de sol,
seivosos subindo
em ramagens tecidas de força e vigor
Ergueram-se na glória de quem rompe a morte.
Eu canto o milagre da vida
da morte saída,
tão perto do Nada,
galgando os espaços
na busca do apelo
do brilho da estrela,
dos focos de luz.