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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

FIGURAS FEMININAS DA LITERATURA BRASILEIRA - DIADORIM


DIADORIM 
GRANDE SERTÃO VEREDAS – GUIMARÃES ROSA





Ambientado na década de 30 – 3ª fase do modernismo.


O nome feminino era Maria Diadorina e foi mantido em segredo. O masculino, Ronaldo. Para Riobaldo, Diadorim. Ela só queria vingar o assassinato do pai. Num contexto de supremacia masculina nenhuma mulher lograria sobreviver e vencer onde reinava a lei do mais forte. Criança ainda, adotou o nome de Reinaldo, como roupas e modos de menino, o que não lhe foi difícil. Órfã de mãe, num cenário agreste predominaram-lhe as referências masculinas . Ela deveria ter nascido homem. O destino colocou-a ao lado de Riobaldo, nascendo então um relacionamento conturbado: amizade parecendo amor, a natureza cobrando o que lhe era devido, ciúmes inexplicáveis. Riobaldo vivendo céu e inferno, filosofava e se questionava em negação àquele sentimento estranho e inconcebível. No sertão, a religiosidade era entendida e praticada de maneira muito mística e simplória, num dualismo primitivo. O bem e o mal deviam ser bem definidos, sem margem para contestação. Homem era homem, mulher era mulher. A intimidade levou Ronaldo a revelar seu nome verdadeiro, Diadorim. Suas vidas transcorriam em meio a guerras de jagunços, ora sob ordens de um ora de outro chefe poderoso. Diadorim poderia tornar possível seu amor por Riobaldo, mas temia enfraquecer o propósito a que se dedicara. Entre o amor e a vingança, escolheu a vingança, talvez imaginando que, concretizando uma, ela e o amigo poderiam viver o sentimento. As guerras no grande sertão não terminavam bem e Reinaldo morreu lutando com o assassino do pai, Hermogenes. O corpo despido e preparado para o sepultamento esclareceu para Riobaldo o mistério dos seus sentimentos. Só então viu que Reinaldo ou Diadorim era mulher. 

Marilene Lemos, Cadeira 22 - Patrono Mestre Atayde